O paradoxo do Erro

        Tenho lido e colecionado artigos "jornalísticos" (leia-se "que têm como fonte publicações na imprensa mesmo ou no LinkedIn") assim como assistido a palestras em Congressos, Seminários e afins ou lido Artigos Acadêmicos a respeito do atual momento da Inteligência Artificial (IA). LLMs; Generative AI; AI Agents; Agentic AI; AGI e Singularidade; e mais recentemente os Robôs Domésticos (sim, o ";" é esquisito, mas proposital, para provocar uma pausa reflexiva) são os assuntos mais comuns e não faltam prós e contras, ludistas e apaixonados. Há espaço para trabalhos sérios executados em Universidades e empresas responsáveis, assim como há opiniões sensacionalistas, sem contar as opiniões "fake" de Da Vinci sobre o robô a ser comercializado em 2026 (sim, Da Vinci escreveu e desenhou máquinas muito complexas, algumas talvez chegassem a ser autômatos: Cianchi, p.12).
        Retomando o título, gostaria de propor um paradoxo: "se errar é humano, não será possível criar uma IA perfeita".
        Repetindo a consideração inicial, há muita ciência, muito interesse comercial e muita paixão por trás do que a IA faz hoje e aonde se poderá chegar, a AGI-Singularidade. Desculpe a obviedade. Estou só explicando a linha de pensamento.
        Dentre todas essas questões, no mínimo de número tão vasto quanto a WWW, a primeira que me tira o sono está encerrada no paradoxo que proponho.
        É possível encontrar a ideia "errar é humano" em autores como Harari (21 lições, p.79), Pierce (A propósito do Ator, p. 119) e Barone (Sociedades Artificiais, p. 231), os quais expressaram-na por motivos diversos em contextos vários.
        Penso que tanto os detratores quanto os aficionados pela IA tropeçam aqui.

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Em tempo, "dialogando" com o Gemini, recebi estes comentários que desdobrarei em outra ocasião:

    A frase "Errar é humano, mas a Inteligência Artificial não pode errar" reflete uma expectativa elevada e, em grande parte, irrealista em relação à Inteligência Artificial (IA), especialmente aos modelos generativos mais recentes.
Tolerância ao Erro
O que a frase de fato demonstra é uma diferença na tolerância ao erro entre humanos e máquinas.
Tolerância Humana: O erro é considerado parte da natureza humana ("errar é humano"), e tendemos a ser mais complacentes ou a dar menos destaque a falhas individuais, pois esperamos que humanos cometam deslizes.
Intolerância à IA: Há uma intolerância maior ao erro da máquina, pois a computação foi historicamente projetada para a precisão e a correção de erros humanos. Quando um sistema de IA erra, isso gera desconfiança e recebe atenção desproporcional.
Responsabilidade e Validação
Dado que a IA pode e irá cometer erros, a validação humana torna-se essencial.
É crucial assumir a responsabilidade por qualquer decisão tomada com base em informações geradas por IA.
Os usuários devem ter uma postura crítica, sempre verificando a informação em múltiplas fontes e não aceitando a primeira resposta como definitiva.
A vigilância humana continua sendo um crivo indispensável para garantir a qualidade da decisão, transformando o risco do erro da máquina em uma responsabilidade consciente do usuário.
A inteligência artificial é uma ferramenta poderosa, mas só é aliada se usada com consciência, critério e responsabilidade.

 

Referências

Barone, Dante Augusto Couto org. Sociedades Artificiais: A nova fronteira da inteligência nas máquinas. Porto Alegre: Bookman, 2003.

Cianchi, Marco. Leonardo da Vinci’s Machines. Florence: Edizioni Becocci, sem data.

Gemini. Imagem gerada pela LLM baseada em: "a partir destas suas considerações, poderia gerar uma figura ilustrativa, de preferência bem humorada?" em 12nov2025.

Harari, Yuval Noah.  21 Lições para o Século 21. Tradução Paulo Geiger. São Paulo: Companhia das letras, 2018.

Peirce, Charles Sanders. “A propósito do Ator”. In Semiótica e Filosofia: textos escolhidos de Charles Sanders Peirce. Mota, Octanny Silveira e Leônidas Hegenberg. Orgs. e trads. São Paulo: Cultrix, 1975.


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